"Para mim, o resultado deste trabalho é singular, por que são os protagonistas: fotógrafa e o povo indígena, que me conectam à beleza e a simplicidade da vida". By Lisandra Miguel
Giulianne Martins, fotógrafa brasileira, formada como retratista pelo Instituto de Nova Iorque de Fotografia, nasceu em 15/02/1996 em Poços de Caldas, Minas Gerais e vive em sua cidade natal. Atualmente, ministra seu próprio curso de Fotografia na UNA Escola de Fotografia.
Seu interesse pela arte surgiu na infância, observando o mundo a sua volta por outras perspectivas, mas foi na vida adulta que teve seus primeiros “insights” para a fotografia. Desde então, se especializou investindo em sua carreira.
O processo criativo sempre se inicia a partir de uma demanda social, seja ela micro ou macro, quando conectada a uma dor e impulso pessoal. Quando ela percebe que algumas pessoas têm dificuldade em se enxergar com bons olhos, se inspira em retratá-las como ela as vê.
Quando sente que um grupo é invisibilizado na nossa sociedade, ela vê a fotografia como uma ferramenta para dar perceptibilidade ou até mesmo fotografando momentos simples e cotidianos como grandiosos, já que é uma verdade para ela que a beleza está na simplicidade.
Assim vai criando de acordo com seu sentir em como pode contribuir para o Todo e permitir com que o exterior também contribua com a sua evolução, já que a fotografia é um processo de troca e construção conjunta, ela só pode ser feita em um lugar de Verdade quando há uma real abertura e conexão entre os que vivem o processo.
Seu trabalho tem uma estética naturalista, composições feitas a partir da integração de luz e sombras, tanto tecnicamente quanto sentimentalmente: acredita no click como a consequência de um processo de troca anterior com quem fotografa, o que leva a uma estética de expressões espontâneas. As cores têm como base, tons terrosos, por acreditar na importância de nos entendermos como natureza, deixando com que nossa essência possa emergir. Sendo uma fotografia que busca o real, a consistência dessa estética se resume na inconsistência dos próprios sentimentos e vida - de cada Ser que se apresenta, no momento específico em que se apresenta, com a luz que chegava naquele momento.
Deseja transmitir aquilo que é essencial, mas muitas vezes não visto.
“As dores que sinto a humanidade também sente e olhando para mim consigo entender sobre os outros e, olhando para os outros, também posso entender sobre mim”.
Sua estética é não-estática, ela vê a fotografia como um movimento em si, um registro de tudo que move.
A fotografia pela fotografia pode ser linda ou ser vazia, a mensagem que ela carrega também é a mensagem de quem fotografa?
Muitos questionamentos para quase nenhuma resposta que possa ser escrita, parecem que as respostas aqui dentro estão sendo mais vividas que descritas.
A fotografia passa a ser só um momento final diante da complexidade de processos não-fotográficos que chegam antes dela. Processos humanos. Dessa forma sinto que tudo faz mais sentido e sei que assim somamos: aprendendo nas falhas e acertos a buscar o caminho efetivo - que, a meu ver, é o mais complexo e não há fórmulas que ensinem o resultado do que é tão subjetivo, ainda assim, é o caminho.
“Arte é a existência em si, quando somos arteiros somos apenas essência - pulsante e criadora, a todo momento: assim como quando crianças, num eterno exercício de criação.
A arte não precisa ter um fim, mas ela pode ser um MEIO e nesse momento é isso o que mais acredito”.
“Arte para mim, é uma tomada de consciência, uma tomada de sentir - só pode chegar dentro do outro aquilo que ali já reside, mas pode ser que esteja adormecido, então ela chega e desperta. A arte é um eterno rasgar-de-peito, que me faz doer e encontrar o antídoto para essa dor quando transformada em imagem, som, palavras ou movimento”.